Não existem fatos, mas versões do fato, certo? Por isso, o jornalismo passa por constantes reformulações e, assim, vivemos um período de grandes conflitos. Cada vez mais é preciso estar atento não apenas ao que escrever, mas ao como escrever para ser bem compreendido.
Nada é melhor do ser claro e compreendido e, para isso, o modo de escrever é tão importante quanto o fato em si. Vivemos em uma época de comunicação rápida, online, de fácil digestão. Ninguém quer se aprofundar. Livros estão dando lugar a e-books, jornais e revistas, a sites de notícias. E isso é ruim? Não, é a realidade. Como vamos lidar com ela, aí sim, pode ser considerado um modo bom ou ruim. E, para quem constrói a notícia, fica a pergunta: você se preocupa mais com o que está escrevendo ou com a forma como o leitor vai interpretar seu texto?
Sabemos que comunicação não é o que falamos, mas, sim, o que o outro entende. Nesse contexto, temos aí um desafio: falar muito com poucas palavras. Quem trabalha com redes sociais está familiarizado com esse dilema. Quem gosta de escrever, já aderiu o famoso “senta que lá vem textão” no começo dos posts. E será que isso diminui o engajamento? Quem lê textão, hoje em dia? Foto e legenda fazem mais sucesso? São indagações extremamente pertinentes e que precisam fazer parte do dia a dia dos construtores da informação.
Viemos de uma eleição onde as fake news foram protagonistas. De um lado ou de outro, elas foram vilãs e aliadas. E do lado de cá, os leitores, que ora se viam como protagonistas (os famosos compartilhamentos em grupos de whatsapp), ora permaneciam em dúvida sobre a origem da informação. Infelizmente, notamos que a maioria realmente tem uma dificuldade enorme de entender a necessidade de checar a fonte. E quantas notícias maquiadas foram espalhadas e quantas verdades deixaram de ser ditas? Difícil dizer.
O certo é que o modo como escrevemos um fato está cada vez mais importante, já que é preciso ser sucinto sem perder a exatidão. Um belo desafio, certo? Enquanto isso, ainda há os grandes entraves para uma boa pauta: passar pelos editores, encontrar as fontes certas, escolher as melhores informações. A personalidade da matéria precisa ser condizente com a verdade que se quer passar. Questões como o que é ou não comercial, o que pode ou não ser veiculado, o que deve ou não ser eliminado de um texto jornalístico são como a luz em uma lâmpada. Estão ali. Você pode usá-los para melhorar a escrita, ou deixá-los apagados. É sempre uma questão de escolha.